Buscando referências na História da Arte

20/11/15

Dante Gabriel Rossetti, Lady Lilith, 1867.
Na última terça-feira estava trabalhando num esboço antigo e, ao pegar um livro sobre mistura de cores na estante, me deparei com História da Beleza, organizado por Umberto Eco, que está no meu acervo desde 2011. Foi uma boa oportunidade para rever alguns artistas que estudei na faculdade, e separar material para referências e estudo.

Resolvi marcar algumas reproduções que chamaram minha atenção e dividir aqui no blog. Começando por Lady Lilith, que é uma das obras de que mais gosto e me faz lembrar a Florence Welch (seria ela a encarnação de uma pintura de Rossetti?). O Romantismo é um dos períodos que mais me identifico, em termos estéticos, por causa da mistura de beleza e morbidez presente nos trabalhos.

Charles-Auguste Mengin, Safo, 1867.
O trabalho com luz e sombra nessa pintura me auxiliou na compreensão do que realmente queria fazer com o esboço no qual estava trabalhando. Minha última ilustra foi muito colorida, vibrante. Quero algo mais sóbrio. E para quem não sabe quem foi Safo de Lesbos, deixo aqui um post super interessante publicado na Capitolina.

Francesco Hayez, Madalena Penitente, 1833.
Edward Burne-Jones, A princesa acorrentada à árvore, 1866.
Uma das coisas que mais me chama atenção nos livros de História da Arte é que: 1) grande parte dos estudos está centrada na Europa e 2) praticamente não há mulheres artistas, mas a maioria das modelos, principalmente em nus, são femininas. Por isso, sempre reforço em meus comentários: é importante estudar autores como Gombrich e Argan, até mesmo o Eco, porém, colocando suas análises em perspectiva e buscando outras narrativas, que incluam as artes oriental, africana, sul-americana, brasileira e, principalmente, produzida por mulheres. Isso não invalida a importância dos artistas aqui citados, apenas torna a arte o que ela realmente deve ser: representativa

John Singer-Sargent, Ellen Terry no papel de Lady Macbeth, 1899.
Dante Gabriel Rossetti, Beata Beatrix, 1864-1870.
Dante Gabriel Rossetti, O Sonho de Dante, 1871.
Caravaggio, Santa Maria Madalena, 1606.
Estudar o movimento dos tecidos sempre foi uma das minhas atividades favoritas. Em alguns posts beeeeem antigos aqui do blog, é possível ver uma série cheia de formas, dobraduras e texturas. Fiquei com muita vontade de fazer algumas releituras dessas obras, para aprimorar proporções, tensão, expressão e anatomia. Talvez aproveite os meses de janeiro e fevereiro para por um projeto do tipo em prática.

Comentários

  1. Oi, Lidy! Interessante conhecer essas suas referências! Embora eu tenha feito faculdade de arquitetura que tinha aulas de história da arte 1 semestre de artes visuais (sei que é pouco) sinto que sou ignorante demais dessas questões teóricas da arte. Eu não sou muito fã dessas coisas mais mórbidas (pelo menos como referência não me chama muito atenção) mas acho importante conhecer. Fiquei curiosa: o que vc quis dizer com 'torna a arte o que ela realmente deve ser: representativa.'? Beijos!

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    1. Oi Lili! Eu quase não lembro de fazer posts com referências mais antigas, mas daqui por diante vou procurar fazer disso um hábito, é bom conhecer artistas de outras épocas.
      Eu falei sobre representatividade porque quase sempre que vamos estudar história da arte (e isso acontece muito na faculdade), estudamos através do olhar do europeu, e esquecemos que as outras culturas têm sua própria história e sua estética, tão ricas quanto. Por isso acho importante estudar a arte de vários continentes, no hinduísmo todas as formas humanas estão relacionadas com a natureza, por exemplo.
      Beijão!

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    2. Ah, entendi! Vdd, representatividade é importante!

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  2. Umberto Eco é O cara! Leio muito as teorias dele na área da literatura e tradução, e tô há um bom tempo de olho nesse "História da beleza". Até que tá bem barato na Amazon...esses dias, fui na fenac e o achei por mais de 80 pila! T__T
    Mas me diz o que é esse cabelo dessa Lady Lilith?!!! D: perfeito demais! Esse brilho, essas ondulações, as cores, gente, parece real, parece que o cara cortou o cabelo de alguma ruiva e colou ali na tela! T__T Ah, esse post me deu nostalgia, haha, eu era apaixonada pelas obras do Caravaggio quando estudava historia da arte na faculdade. Achava magnífico essa dualidade que ele fazia entre luz e escuridão nas obras dele (que eu acho que está bem mais marcado nas obras dele do que nos outros). Aliás, quero comprar também aquele dicionário de símbolos do Chevalier! Se tu não conhece, dá uma pesquisada. Acho que vale MUITO à pena T_T. Ah, eu sou péeeessima com desenho de tecidos, então adorei a dica de usar essas obras como referencias pra estudos, por que realmente, há muito drapeado nessas obras... como é que nunca pensei nisso antes? ¬¬ Enfim, adorei o post! <3 e concordo totalmente sobre a importância de se conhecer autores de outros países, há tanta coisa maravilhosa por aí, aqui mesmo, o Brasil é riquíssimo em arte, literatura e cultura, que, infelizmente, por influência, acabamos esquecendo da nossa própria casa dando mais valor ao que é de fora! :/ Esses dias descobri duas preciosidades, o Dicionário do folclore brasileiro e o Geografia dos mitos brasileiros! Também tô doida pra pôr as mãos neles T__T

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    1. Eu comprei esse livro numa promoção, mas até hoje não consegui o História da Feiura por um preço que não me deixe de cara feia hahahaha
      Tem um filme, baseado num livro, chamado O Perfume: a história de um assassino, que a atriz principal é a cara de uma pintura do Rossetti, e o filme todo traz muitas referências às obras do Caravaggio, Goya, dentre outros, vale a pena pela história e pela fotografia maravilhosa <3
      Eu ouço falar desse dicionário de símbolos não é de hoje, agora quero mais ainda :D
      Beijão! :*

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  3. Ai <3
    Quando estava estudando pro TCC, eu dei uma lida nesse livro. E é amor a todo instante <3
    Sobre o "Começando por Lady Lilith, [...] me faz lembrar a Florence Welch (seria ela a encarnação de uma pintura de Rossetti?)" eu fiquei CHO-CA-DA! Eu já andei pensando nisso!!
    Acho que é por isso que gosto muito da Flo, esse lado meio bucólico, leve/suave super me lembra dessas pinturas! Só pode, a Flor certeza que também deve gostar, já que a própria casa dela tem uma pegada mais assim, você já reparou (quando mostraram o vídeo da casa dela)? Além dela gostar de coisas antigas... Tem tudo a ver! <3
    Ai, não posso com arte. <3
    *-*
    Passo o dia inspirada.
    haha
    ;*

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    1. Ai, a Florence é uma mistura de Rossetti com Waterhouse e Mucha hahahaha, uma linda de alma antiga que veio parar nesse mundo.
      Adoro a arte desse período (romantismo) me inspira muito mais do que qualquer outra época, quero fazer uma pesquisa sobre mulheres artistas românticas,deve ter muito material que não vem a público.

      Bjs :*

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  4. Sou muito pobre em relação à este tipo de conhecimento, acho que vou andar a ler um livro mais aprofundado, na minha escola só ensinavam o básico do básico sobre artes, o que é uma pena.
    Gostei muito de Charles August Mengin, o tipo de arte que me sinto muito chegada kkk

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    1. Oi Vitória! Um bom livro para começar a estudar História da Arte é Arte Comentada: da pré-história ao pós moderno, da Carol Strickland. :)
      Beijos :*

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