Há oito anos aqui, e contando... 🎂
Por
Lidiane Dutra
- 10.4.18
A correria tem sido tanta que esqueci o aniversário do blog (e até publiquei após isso). Pode parecer bobo, mas sempre faço questão de registrar que mais um ano passou e continuo aqui. Mas assim que lembrei, vim correndo escrever algo. Pensei em fazer uma grande retrospectiva, tirando velharias do fundo do baú dos meus álbuns do Picasa, mas ponderei um pouco. Acho melhor escrever sobre (im)permanência, tempo e o que esperar de um espaço como este. É uma reflexão interessante em tempos imediatistas, onde tudo é pra ontem e a resposta precisa ser positiva sempre.
Esses dias acompanhei algumas discussões no Twitter sobre blogueiros das antigas que estão retomando seus espaços e tirando o mofo do feed. Ano passado deixei meu Feedburner todo atualizado e sempre procuro dar atenção para o Bloglovin, o leitor de feed que uso atualmente. E fiquei cheia de esperanças com esse revival, com essa vontade de nadar contra a maré. Porque é isso que faço aqui desde o começo: sou um peixe muito pequeno, nadando contra uma maré imensa, e gosto disso.
Lá em 2010, quando comecei, os blogs já tinham atingido seu apogeu e começavam a declinar. Muita gente estava migrando para plataformas mais "atraentes", como o YouTube. Falando em blogs artísticos, acompanhava os da Fernanda Guedes, da Nanda Corrêa, da Ila Fox, da Esther Duraes, e somente um canal, da Leilani Joy. A Esther é uma moça portuguesa que, na época, postava seus desenhos e foi a primeira pessoa que vi resenhar um material artístico como as blogueiras de maquiagem faziam. Foi através dela que entrei em contato com a Derwent, anos antes da marca vir para o Brasil, e ganhei um kit de produtos maravilhosos, que tenho até hoje.
Os anos foram passando, comecei a participar de blogagens coletivas (saudades Rotaroots) e conheci muita, mas muita gente legal. Pessoas que eu admirava a distância e hoje são minhas amigas, que compartilham seus projetos comigo. Acho engraçado o tanto de vida que esse espaço já tem, pois dou aulas para crianças de 4 a 8 anos, exatamente o tempo que estou aqui na internet, abrindo o mesmo painel do Blogger (nunca troquei para Wordpress) e buscando template free para instalar.
O que todo esse relato quer dizer sobre as três coisas que elenquei no primeiro parágrafo (impermanência, tempo e o que esperar de um blog)? É simples: vão ter dias que a vontade é de excluir tudo e nunca mais postar, em lugar algum (o que já aconteceu comigo, pois excluí o blog por um breve período depois de criá-lo, e reativei antes do Google deletá-lo completamente). Às vezes você vai achar que todo o tempo que "gasta" com o blog e seus esforços não são devidamente recompensados. Eu passei anos na total invisibilidade, até que um dia postei como faço o efeito galáxia em aquarela e passei de 50 a 1000 acessos por dia. Você também vai se questionar do por quê aquela pessoa que recém começou já estar visitando fábrica de marca famosa e você está exatamente no mesmo lugar, mas a minha resposta para tudo isso é: o que importa é o caminho, e não a linha de chegada.
Através do blog eu aprendi programação, melhorei minhas habilidades como designer, consegui me firmar como ilustradora, montei loja, fiz colaborações, exposições, dei entrevista, fiz muita coisa que nunca aconteceria se eu não me dispusesse a clicar no botão laranja de publicar. Aqui é minha válvula de escape quando estou frustrada, gosto de manter tudo arrumadinho para que possa dizer para mim mesma o quanto sou capaz de fazer algo com minhas próprias mãos e sentir orgulho por isso. Como diz o Austin Kleon, é minha casa na internet e sempre, sempre procuro mostrar aqui o meu melhor lado.
Durante muito tempo meu Currículo Lattes foi impecável, modelo para os outros copiarem. Cheguei a ministrar oficina sobre como preenchê-lo. Mas aquelas informações eram só um amontoado de dados, eu não sentia que estava ajudando os outros com minha experiência acadêmica. E toda vez que me disponho a resenhar um livro, ou mostrar meu processo criativo, dar uma opinião sincera aqui, cada comentário e compartilhamento valem muito. E mesmo que ninguém leia, o sentimento é de dever cumprido. Eu sinto que estou retroalimentando um sistema do bem.
Agradeço por estar aqui há oito anos e ter colhido frutos tão bonitos com meu trabalho. Um espaço que começou para que eu pudesse sistematizar minhas ideias, e hoje é uma das coisas que mais tenho orgulho em manter. Podem vir os próximos anos, pois a porta está aberta.