O Jarro de Pandora

29/07/25


ele chamou essa mulher de Pandora porque todos os deuses que vivem no monte Olimpo lhe deram um dom, uma calamidade para os homens."

Essa ilustração surgiu após a leitura do maravilhoso O Jarro de Pandora: uma visão revolucionária e igualitária sobre a representação das mulheres na mitologia grega, da Natalie Haynes. Gostaria que ela tivesse ficado pronta a tempo da minha última exposição, mas tudo sempre ocorre no tempo que deve ocorrer.

Pandora é comumente descrita como a mulher que carrega uma caixa, na qual estão todos os males do mundo e, por descuido ou curiosidade ao abri-la, deixa-os escaparem, sobrando unicamente a esperança lá dentro. Esse mito sempre pareceu confuso para mim, pois eu não conseguia entender por que a esperança estaria dentro de uma caixa cheia de males...

Natalie Haynes vai a fundo no mito e traz alguns pontos que elucidam a história: Pandora foi criada pelos olimpianos em represália a Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e os deu aos humanos. Ela é o kalon kakon, um belo mal, e é dada em presente a Epimeteu, irmão de Prometeu. Pandora carrega consigo um jarro (provavelmente um lebes nupcial) que, ao aberto, espalha as calamidades sobre os mortais.

A autora aponta também um provável erro de tradução: o termo elpis não significa exatamente esperança mas, talvez, expectativa. Já a representação da caixa no lugar do jarro aparece a partir do século XIX em fábulas e pinturas.


Munida de todas essas informações, comecei a pesquisar imagens de jarros antigos, vestimentas e detalhes de frisos gregos. Eu queria que Pandora fosse ela própria o jarro, o receptáculo de seus próprios quereres - e não dos males que afligem os "pobres homens". Por isso, os frisos se converteram em tatuagens. A roupa da cor do açafrão evoca às vestimentas gregas, mas não é fiel à elas.

O jarro não é no formato do lebes nupcial, mas sim algo que passa certa dificuldade em segurar e manejar, que precisa de um esforço para ser carregado. Mesmo assim, a expressão de Pandora é serena: ela olha para além da tela e coloca sua mão delicadamente dentro do jarro, quase como uma ameaça velada: se eu colocar minha mão aqui, você está ferrado! Pois aqui dentro está a minha essência...


Utilizei meus métodos de desenho e pintura, e foi muito difícil fazer com que tudo convesasse e convergisse para o que eu queria desde o começo. Foi também um processo arrastado, tive que lidar com muitas coisas acontecendo em paralelo, mas Pandora me convidava para abrir o jarro e assim concluí a ilustração.


Materiais utilizados

  • Papel Arches grana fina 300g;
  • Aquarelas White Nights;
  • Pincéis para aquarela sortidos;
  • Lápis de cor Pentel;
  • Marcadores Pentel para os detalhes.


O resultado final:


Livros com releituras de mitos gregos que estão na minha lista

  • Galateia, Madeline Miller; (lido 5★)
  • Circe, Madeline Miller; (lido 5★)
  • A Canção de Aquiles, Madeline Miller; (lido 5★)
  • O Jarro de Pandora, Natalie Haynes; (lido 5★)
  • Ariadne, Jennifer Saint; (LENDO)
  • Clitemnestra, Constanza Casati;
  • O Olhar Petrificante, Natalie Haynes;
  • Mil Navios para Tróia, Natalie Haynes;
  • Os Filhos de Jocasta, Natalie Haynes;
  • Medeia, Rosie Hewlett.

Comentários

Muito obrigada pela visita e por deixar o seu recado. Por favor, leve em consideração a data do post, pois minha opinião pode ter mudado com o tempo, e alguns links podem estar quebrados. Mantenha o respeito por mim e por quem frequenta este espaço, permanecendo gentil e cordial nesta caixa de comentários.