Como usar lápis pastel seco

21/02/15


Ontem eu postei aqui no blog minha última ilustra, que faz parte da série Into The Forest e, como prometi, vou mostrar como trabalho com lápis pastel seco, um dos materiais mais legais que já conheci. Quero deixar claro que a minha intenção não é 1. cagar regra; 2. dizer o que é certo ou errado; 3. mostrar que só existe um único jeito de colorir com pastel

Sou marinheira de primeira viagem, tanto quanto quem chegar aqui via Google, procurando "como usar lápis pastel seco", portanto, o que desejo é uma troca de experiências e mostrar que comigo tem funcionado desse jeito, quem tiver outras dicas fique à vontade para contribuir com o post, certo?!

MATERIAL



Vamos começar com o básico, que é a escolha do material. Meus pasteis são da marca Derwent, e as cores do estojo são Skintones, pois acho mais fácil trabalhar novos materiais com tons que estamos familiarizados (quer uma opção nacional para trabalhar pele? Clica aqui). Os lápis dessa marca costumam ter o diâmetro um pouco maior do que a maioria que conhecemos, por isso, uso o apontador que ganhei deles lá em 2012.


Para espalhar o produto, uso um kit de esfuminhos também da Derwent, em três espessuras diferentes, e um pincel Condor de cerdas naturais. Aqui, o primeiro ponto importante sobre pastel: eu não consigo esfumar com o dedo, porque minhas mãos suam demais, além disso, tenho alergia a praticamente todo tipo de material artístico (coisas da vida...). Então funcionou muito bem a ajuda do esfuminho, e do pincel para dar acabamento e retirar o excesso de poeira. Mas tem quem trabalhe com os dedos, assim como tem pessoas que esfumam o próprio grafite desse jeito, então não é regra ter esses materiais. O importante é testar para ver o que se adapta melhor às nossas necessidades.

TESTANDO O PASTEL ANTES DA ARTE-FINAL


Acho que não é uma dica que caiba só ao pastel, mas a qualquer tipo de material. Tem que ter uma área de testes antes de colorir pra valer, para que você não fique com aquele medo de estragar tudo. Teste não é perda de tempo, pelo contrário: quanto mais informações temos, melhor o nosso aprendizado. Um sketchbook reservado para testar materiais, por exemplo, é como um caderno de receitas, onde anotamos quantidades, misturas e segredos...

Na imagem acima, peguei uma das cores e mostrei como fica em seu estado normal, logo que riscamos no papel, e esfumada com o dedo, o esfuminho e o pincel. Notem que a cor sumiu quando espalhei com o dedo, talvez em consequência do meu suor. Já com o esfuminho, a cor não só espalhou, como ficou bastante uniforme e os riscos praticamente imperceptíveis. O pincel é usado mais para acabamento, para limpar a área ao redor, ou reforçar a mistura das cores, mas sozinho não funciona para espalhar.


Misturar cores de pastel é bem mais simples do que lápis de cor, por exemplo. Na imagem acima, dois tons de azul, e o amarelo e vermelho para formar o laranja. Utilizei o esfuminho. Notem que o acabamento é aveludado, por isso é importante a maneira como vamos riscar o lápis no papel: se for em movimentos circulares, suaves, misturar e espalhar será bem melhor e dará a sensação de volume.

PARTINDO PARA O PAPEL!


Escolhi aqueles dois tons de azul do teste para colorir a pele do meu fauno. Comecei pelos cantos da face da figura porque achei mais fácil partir das bordas para o centro, visto que o rosto tem áreas de luz e sombra bem acentuadas. Risquei o lápis em toda a borda...


... e esfumei em direção ao centro. Se você achar que colocou pouco produto, calma: esfuma tudo o que está na folha, e depois coloca mais. Percebi que o pastel não é um tipo de material que aguenta excessos, é preciso ir com calma e dosar as quantidades. Ah, importante: utilize sempre papeis acima de 200 ou 300g, não é uma técnica para papeis finos!


O resultado do primeiro cantinho. Adicionei um pouco mais de cor e fui puxando sempre no sentido borda-centro, em movimentos circulares. Passei o pincel para remover o excesso, e deixei um pequeno degradé para indicar volume. Agora, vamos adicionar o outro tom de azul:


Assim como faço com lápis de cor, adicionei a tonalidade mais escura por cima, e repeti os mesmos movimentos suaves e circulares, em direção ao centro. As mesmas dicas valem para essa segunda camada de preenchimento: vai com calma, dosa bem o produto antes de colocar no papel.


Vejam que o azul escuro produziu mais volume e ajudou a não deixar a figura chapada (com uma cor só!). Para os pontos de luz, utiliza-se o pastel branco, assim como o lápis de cor branco.

FINALIZAÇÃO


Para dar acabamento, utilizei lápis de cor Polycolor, também em dois tons de azul, para reforçar as áreas de volume. Vejam que na testa, bochecha e nariz, apliquei o pastel branco para criar essa luminosidade. Repeti todos esses passos no restante da figura.

Depois de pronto, é hora de fixar. Eu falo isso a respeito de todos os meus trabalhos: TEM QUE FIXAR!!! Ilustração que não levou verniz é ilustração que vai deixar de existir rapidinho. Eu uso o da Acrilex, ele é barato, com acabamento fosco, tem ação fungicida e filtro UV. Tenho ilustras feitas há 10 anos que estão com as cores impecáveis, tudo por causa dele. Outra dica importante: tenha sempre uma folha de apoio para a sua mão, pra evitar sujeira e marcas de digitais.

Sei que este post ficou enorme, mas se você teve paciência para chegar até aqui, muito obrigada! Deixe nos comentários o que conseguiu aprender e se tem outras dicas para compartilhar. E se vocês, que me leem e acompanham o meu trabalho, quiserem outras dicas, me digam quais materiais desejariam ver em posts similares a este. ;)

Abraços,
Lidiane :-)