Minhas aquarelas e pincéis favoritos (até o momento)

07/03/16


Sugiro a leitura desse post ATUALIZADO 2021.
Nem consigo acreditar que estou fazendo um curso de aquarela com a DIVA Sabrina Eras! Ela abriu uma turma online nas quintas-feiras à noite e tem sido uma experiência maravilhosa. Assim como aconteceu com a oficina da Amanda Mol, farei um post contando a minha experiência, logo que concluir as atividades. Mas já consigo dividir minha jornada em Antes de Sabrina (AS) e Depois de Sabrina (DS).

Esse contato mais íntimo com aquarela me fez perceber que tudo o que eu sabia até agora era muito, mas muito incipiente. Sempre complementei meus estudos com apostilas, livros e tutoriais no YouTube. Aprendi muito vendo os outros, mas sentia falta de um conhecimento aprofundado. Logo na primeira aula já percebi que havia muita coisa a ser corrigida.

Por falta de conhecimento (e um pouco de teimosia), acabei comprando material de qualidade duvidosa, que me impediu de evoluir rapidamente. Agora estou começando a corrigir isso, e verificar que muitas das minhas dificuldades estavam relacionadas diretamente às tintas. Com o papel não tive muitos problemas, pois investi em itens de qualidade, o mesmo para os pincéis.

Resolvi montar este guia para ajudar quem gosta de saber o tipo de material que uso na hora de ilustrar (aquela listinha que sempre faço nos posts específicos de criação). Talvez até o final do curso isso mude, mas já é um bom começo.

Aquarelas que já usei e gostei


1. Sennelier: é a marca que a Sabrina recomenda, e posso dizer que ela vale cada centavo de investimento. As tintas em bisnaga da Sennelier vêm com 10ml, e possuem mel na sua composição, conferindo uma consistência e acabamento únicos. A transparência e o brilho dessa aquarela se destacam no papel, principalmente se você estiver usando um satinado (hot pressed). Por ser um pouco mais cara (paguei em torno de R$ 56), só pude comprar uma cor, mas tenho vontade de adquirir outras, futuramente.

2. Rembrandt: também tenho apenas uma cor, e também pretendo investir em outras mais para frente. A Rembrant faz parte da linha profissional de aquarelas da Talens, está um degrau acima da Van Gogh. A consistência dessa tinta é excelente para fazer misturas e, ao trabalhar com valores, quanto mais clareamos o tom, mais percebemos o quanto ela é pigmentada.

3. Van Gogh: comprei apenas duas cores para testar e me apaixonei pelo resultado. A pigmentação é excelente e deixa um brilho bastante bonito, dependendo do papel utilizado. É mais barata do que a bisnaga da Cotman, por exemplo, e tão boa quanto. Muito amor pelo Azul da Prússia!

4. Cotman, da Winsor & Newton (pastilha e bisnaga): demorei para ter meu primeiro estojo da Cotman, pois o preço não ajudava. Mas quando consegui adquirir, não me arrependi. A qualidade das tintas é fantástica. As pastilhas são bastante consistentes, é preciso esfregar bem o pincel para soltar o pigmento. Já as bisnagas são práticas e com cores muito vibrantes. Comprei a maioria depois do curso com a Sabrina, pois vi que para os estudos renderia mais deixar a tinta no godê do que ficar gastando as pastilhas.

5. Koh-I-Noor: eu gostaria muito que minha primeira experiência com aquarela tivesse sido com as pastilhas dessa marca. Elas têm uma pigmentação e textura muito boas. Depois que comprei um disco de 12 cores, dificilmente usei o estojo da Cotman para estudos menores, feitos no sketchbook, quase sempre prefiro estas aqui. Elas não são tão espessas, o pigmento é liberado com mais facilidade.

Estudos de valores, realizados durante o curso da Sabrina Eras
Sobre Pentel e Sakura-Koi: depois de ter contato com as tintas acima, realmente vi que essas duas marcas apresentam problemas para quem quer se profissionalizar. Com o tempo, o aglutinante das bisnagas da Pentel forma uma espécie de gosma que *caga* todo o trabalho. Já a Sakura não tem a consistência translúcida desejada para uma aquarela, e as cores não misturam tão bem assim. Porém, a Pentel é ótima para quem está começando, dá para fazer estudos sem medo de gastar ou estragar material. Não jogue essas aquarelas no lixo, por favor!!!

Meus desejos de consumo atuais: as bisnagas da Lukas e da Daniel Smith e as líquidas da Dr. Ph Martins. Algumas dessas tintas podem ser encontradas em lojas como Casa do Artista, Companhia do Papel, Koralle e Lukas do Brasil.

Dica da Kris Efe: utilize porta-pílulas (vende em qualquer farmácia) para transportar suas aquarelas em bisnaga com a mesma praticidade das pastilhas, além de manter sua paleta de cores organizada. 
Vale destacar que eu uso tanto a pastilha quanto a bisnaga com a mesma facilidade, justamente por armazenar o conteúdo da segunda como expliquei acima. Porém, acho que a pastilha ainda fica um degrau abaixo no quesito pigmentação, por isso, se eu fosse colocar na balança a minha preferida, seria a bisnaga. Acredito que tudo tem sua hora certa de uso, e vai depender da experiência pessoal de cada um. 

Meus pincéis favoritos


1. Arches, pelo de Marta Kolinsky (n. 0, 2/0, 2, 5, 6): possuo seis pincéis da Arches (dois iguais), que acompanham os estojos de papel TorchonHot e Cold Pressed. Vale muito o investimento, pois o kit custa em torno de R$ 150,00, chegando até metade disso em promoções, por um material de qualidade profissional. Esse pincel é extremamente macio, carrega bastante água e pigmento e é perfeito para detalhes. Ao contrário do petit gris, ele não é tão molengo, a ponto de deformar nas mãozinhas mais pesadas.

2. Winsor  & Newton, Petit Gris (n. 00): sugestão da Sabrina, por ser um pincel multifunções que permite cobertura de grandes áreas e também pequenos detalhes. O formato do cabo traz conforto no manuseio, o que faz toda a diferença na hora do degradê. Porém, as aquarelistas caminhoneiras que possuem a mão pesada terão dificuldades, por ser um pelo muito mole, que deforma com facilidade.

3. Winsor & Newton (portátil)
: acho esse pincel super pequenino e estranho bastante. Dá para carregar no estojo sem machucar as cerdas, pois seu cabo é retrátil, como uma tampa de caneta. Tem uma precisão muito boa e é perfeito para contornos.

4. Royal & Langnickel (n. 2): pincel sintético que veio num kit de lápis grafite aquareláveis maravilhosos, que substituem muito bem o preto ou cinza chumbo  em qualquer ilustração. É muito bom para cobrir áreas pequenas e delicadas e fazer filetes, como fios de cabelo e galhos.

5. Tigre, pelo de Marta Tropical (n. 0, 4, 10, 18, 24): esses são meus pincéis mais antigos, me acompanham desde a faculdade. Não são tão macios quanto os da Arches, mas compensam pela relação custo/benefício. São muito bons para cobrir grandes áreas e também para detalhes, carregam bastante água e são muito resistentes ao tempo (tenho os meus há 11 anos e estão intactos).

6. Sintéticos Ipaint (n. 2, 4, 6, 8, 10, 12): esse estojo de pincéis foi uma das melhores compras que já fiz, por vários motivos. Em primeiro lugar, eles vêm numa embalagem super prática, contendo seis pincéis redondos e seis chatos. Em seguida, vem o preço: paguei em torno de R$ 30 pelo kit. O pelo desse pincel é muito semelhante ao natural, porém, ele tem muito mais firmeza. Não sei se vou conseguir explicar direito, mas o fato é que ele é macio e, ao mesmo tempo, muito preciso, facilitando o manuseio e possibilitando coberturas e misturas, além dos detalhes com o filete. Minha única reclamação é quanto ao cabo, super frágil e de madeira crua, estou pensando em envernizá-los, pois tenho usado em praticamente todos os meus trabalhos.

Comparativo: tamanho dos cabos
Sobre os pincéis com reservatório da Pentel e Sakura: tenho os dois, mas gosto mais do Pentel, pois ele não entope. Uso quando estou trabalhando no sketchbook ou, por algum motivo, não posso usar meus pincéis e copos com água, e também quando saio de casa e quero pintar. O da Sakura é um pouco complicado, nos primeiros meses funcionou direitinho, depois começou a entupir e vazar. Tentei enchê-lo com nanquim, mas o problema dos vazamentos persistiu, então decidi deixá-lo de lado.


O único cuidado que esse tipo de pincel requer é que ele acaba deixando o usuário um pouco preguiçoso. A facilidade com que a água desce pelas cerdas leva a efeitos de degradê e misturas que podem fazer com que a pessoa pule certas etapas de aprendizado. Por isso, é bom usar com moderação, sempre intercalando o uso dos pincéis "normais".


Os pincéis podem ser encontrados nas mesmas lojas que citei para as aquarelas. Quanto aos papéis, os que mais uso são: Arches grain fin e grain satiné; Montval; Hahnemühle 100% algodão e Bamboo. Ainda uso os da linha universitária da Canson, principalmente para estudos e trabalhos que receberão tratamento digital, e o bloco que acompanha o livro Aquarela: o jeito fácil. Dentre todos estes, o grain satiné (satinado ou hot pressed) é meu preferido da vida, por seu acabamento liso e que deixa a aquarela muito mais brilhante. Já o torchon chegou hoje (yeah!) e estou louca para experimentar.

A serenidade do olhar de quem encontrou o melhor papel da vida.
Alguns links interessantes que vão ajudar na sua jornada com a aquarela:
- Kit de aquarela para iniciantes
- Aquarelas favoritas da Ju Rabelo
- Pincéis para aquarela
- Papéis para aquarela
- Pincéis sintéticos para aquarela
- Papéis para aquarela cruelty free
- Principais características dos papéis para aquarela
- Aquarelas cruelty free
- Como estudar aquarela em casa

Agradecimentos especiais às lindonas Ju Rabelo e Kris Efe pelos posts completíssimos, que possibilitaram meus estudos e esse compilado maravilhoso de referências.

Você deve estar aí se perguntando: Mas Lidiane, o material é muito caro! Vou começar com o baratinho e depois eu vejo. Super concordo! O material é caro, sim, e você deve começar com o baratinho, sim! Mas depois você vai sentir a necessidade de usar um material melhor, pois limitações irão aparecer, inevitavelmente. Então, já guarde um dinheiro para o seu futuro em aquarela e será recompensado com trabalhos de qualidade.

E para quem deseja ter aulas virtuais, entre em contato com a Sabrina. Ela é uma das melhores aquarelistas da atualidade, super didática, atenciosa e extremamente profissional. :)