Branca de Neve

16/04/23


Era uma vez um rascunho, que permaneceu por bons meses na pastinha encantada dos projetos, e que desejou criar vida através de uma reinterpretação da personagem Branca de Neve. O tema era batido, pensou o rascunho, mas com criatividade e boas referências, poderia dar certo. E foi assim que o rascunho se tornou uma ilustração completa, feita em aquarela, e viveu feliz para sempre.
Eu sou uma entusiasta dos contos de fada em suas versões originais, e acredito que essas histórias seculares, cheias de metáforas e arquétipos, ainda têm muito a nos ensinar, se olharmos para elas de forma crítica, mas também afetiva. Branca de Neve foi uma das primeiras histórias que conheci, lembro da minha mãe comprar um livro com ilustrações muito bonitas quando eu era pequena, e talvez esse seja o conto de fadas que eu mais tenha lido e assistido versões ao longo da minha vida.

E o esboço para essa ilustração não seria a Branca de Neve, só que fiquei tão encantada com uma referência da Mira Miroslavova que pensei: tenho a faca e o queijo na mão para fazer uma reinterpretação só minha. E assim criei algumas thumbnails para pensar na composição das cores e na atmosfera geral do trabalho - algo sombrio e que dialogasse com a versão original do conto e a versão da Disney que todo mundo conhece, só que sem aquele açúcar todo.


Utilizei o papel Arches e as aquarelas da White Nights, que são uma das melhores combinações que já usei, simplesmente não tem erro, é só seguir a ideia adiante. E para esse trabalho, além do estojo  de cores tradicionais, usei também as tintas granuladas, principalmente no fundo e no vestido, para um efeito dramático.


E a referência à Disney ficou justamente no vestido, no qual captei a ideia geral e cores do corpete e mangas, mas mantive a cor profunda na saia, ao invés do amarelo ovo. O cabelo é denso e esvoaçante, preso por um laço vermelho. Essa Branca de Neve está perdida na floresta escura, cansada de tanto correr, por isso a manga caída e a expressão de quem está procurando algo distante, além do seu (e do nosso olhar). A maçã envenenada aparece em forma de amuleto em seu pescoço - um lembrete de que todas as pessoas, inclusive as boas, já foram vilãs na história de alguém (vi essa frase no Instagram e amei).


Materiais utilizados

  • Papel para aquarela Arches 30g;
  • Aquarelas White Nights;
  • Lápis de cor Polycolor;
  • Marcadores Pentel para os detalhes.


Muito orgulho envolvido na construção dessa pose e dessas mãozinhas. Um dos meus maiores medos, que era desenhar mãos, tem se tornado um dos meus maiores prazeres, já que elas podem comunicar tanto!


Essa ilustração deu tão certo do início ao fim (concepção, cores, execução), que resolvi fazer a aplicação dela numa capa de livro imaginária, seguindo uma sugestão que me deram alguns anos atrás, de utilizar contos em domínio público e criar portfólio em cima deles. É uma brincadeira bem pessoal mesmo, só para ver como ficaria, e curti bastante, achei que ficou muito fiel à atmosfera.


Diagramei também uma página com um trecho do conto, essa tradução tirei do site Contos de Grimm.


E se você se interessou pelo meu trabalho e gostaria de tirar a capa do seu livro do mundo das ideias e trazer para o mundo real (e ter seu final feliz), é só entrar em contato comigo e solicitar um orçamento.

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