13 lições em 13 anos 💜

29/03/23

Quem estava por aqui nessa época? Print resgatado do web archive.

O post a seguir é uma carta de amor nada disfarçada a este blog.

Sempre que o blog faz aniversário só consigo pensar que estou aqui há x anos e contando… E a última vez que parei para pensar e escrever sobre isso foi há 5 anos.

Em 2018 o futuro parecia glorioso: eu recém tinha sido nomeada e achava que todos os meus problemas se resolveriam com um concurso público. Eu postei aquelas palavras de dentro do meu antigo quarto, na casa dos meus pais, me sentindo um pouco estagnada por ainda morar com eles e um outro tanto feliz por estar na minha melhor fase artística. Vou elaborar melhor esse pensamento mais para frente…

De lá pra cá, perdi e ganhei tanta coisa, que nem sei dizer se perdi mais ou ganhei mais. Acho que é um empate. Ganhei coisas que jamais sonhei, mas perdi meu chão, o que me deu a real noção da mortalidade.

13 anos é a idade de um estudante do 7º ano. Enquanto eu digitava desenharehpreciso no blogspot, esse estudante, que passou pelas minhas mãos ano passado, estava nascendo. E hoje esse mesmo estudante me chama de coroa e se pergunta que internet é essa que frequento, na qual as pessoas ainda escrevem. Porque hoje a moda são os vídeos, amanhã sabe-se lá o que será (a IA já está mostrando a que veio).

E o blog está aqui, não com tanta cara de blog assim, mas ainda aqui. Revisando os arquivos, foram tantas coisas que já passei, que seria difícil enumerar. Resolvi, então, listar 13 experiências em 13 anos de blog. Pegue o bloco de notas, abra a tag <head> e vem comigo!

Primeiro banner oficial do blog, e banner que fiz em 2012. Nessa época, ilustrei muitos banners para outras pessoas.

  1. aprendi a tirar meu trabalho de pastas e gavetas e mostrá-lo ao mundo, mesmo na época em que ele não era bom o suficiente para ser apreciado. Isso me deu coragem;
  2. entendi que precisaria lidar com as críticas, que não daria pra me esconder atrás de um sorriso amarelo, e que precisaria separar o que era construtivo e para o meu bem, daquilo que era o puro suco do chorume que só uma caixa de comentários raiz poderia proporcionar;
  3. acabei criando uma comunidade de pessoas dispostas a me acompanhar e a trocar suas experiências comigo, a se fortalecer a partir da arte e buscar melhorar, e isso me fez ver que o conhecimento se torna melhor quando compartilhado, e que ele não está restrito à academia ou um artigo publicado em revista com qualis A: ele pode estar na atenção e disponibilidade de alguém que tirou um tempo do seu dia pra dizer o quando você evoluiu do ponto x ao z. Houve uma época que consegui listar mais de 300 artistas mulheres no meu blogroll, para se ter uma ideia;
  4. aprendi a lidar com os trolls e vi como tem gente com tempo ocioso suficiente a ponto de criar vários perfis fake para dar unlike em série nos seus vídeos, e até mesmo só acompanhar a sua vida. E que o melhor remédio é não dar palco pra esse povo, que eles somem rapidinho;
  5. se hoje eu consigo chegar diante de uma turma com 30 adolescentes e falar a plenos pulmões, foi porque tive que aprender a ser comunicativa aqui e me mostrar sem medo. No começo eu era só uma assinatura nas postagens, hoje sou alguém que vai usar suas experiências para se comunicar com o público e comunicar suas intenções;
  6. percebi a seriedade em compartilhar o conhecimento que adquiri lá na construção da comunidade, e que a minha opinião poderia ser muito útil ou causar um efeito devastador em alguém. Foi por isso que parei tanto de fazer resenhas de materiais isoladamente, só para mostrá-los e causar a impressão de que aquilo precisaria ser comprado. Hoje prefiro falar o que uso dentro de um contexto e do que funciona para mim, e que isso pode ser diferente para os outros. Vez ou outra publico compras, mas deixo isso para a rede social das dancinhas;
  7. estudei a fundo as leis e direitos que falam sobre autoria, fui plagiada tantas vezes que fica difícil contabilizar, e o mais curioso é que muitas vezes o plagiador é uma pessoa com perfil acolhedor, que parece ser mais um admirador do seu trabalho, pra ganhar sua confiança e te confundir quando o plágio acontecer. Hoje sou muito mais atenta a copyright e copyleft, principalmente com a IA e as NFTs dominando o mercado de arte;
  8. aprendi a vender meu peixe, a diferenciar preço de valor e briguei muito, muito mesmo, para que a arte fosse reconhecida como o trabalho que é, pelo menos entre meus pares. Fui muito mal interpretada por isso, chamada de mercenária por perguntar se pagariam por um serviço, de reclamona por achar absurdo que um quadro deveria dividir espaço com uma goteira, e de ingrata quando questionei o que era arte para um grupo, se era só o belo decorativo, ou também o que nos incomoda e desacomoda. Hoje estou muito mais paz e amor por questões de saúde, já tive minha cota de briga pra essa vida. Respondi tantas vezes a pergunta “como faço pra ter uma loja virtual?” Que já perdi as contas;
  9. comecei a mexer em html e coisas básicas de programação para poder fazer ajustes pequenos de layout, e ajudei tantas pessoas a criar seu próprio blog com isso! E foi essa curiosidade de saber como a página funcionava por dentro que sempre fez eu me manter curiosa a respeito de tecnologias, embora eu não entenda nada além de abrir e fechar tag. Devo muito, muito mesmo, à Elaine Gaspareto, pessoa incrível que a todos ajudava com seus tutoriais, e que infelizmente foi mais uma vítima da Covid em nosso país;
  10. entendi que ser criativa é pesquisar e explorar sempre, que tudo muda o tempo todo e precisamos estar atentos ao que acontece à nossa volta. Seja pesquisar tendências de cores, redes sociais do momento, materiais, softwares, leituras… o mundo é fluido e o artista precisa entender isso;
  11. aprendi através do exemplo dos outros, para o bem e para o mal. Como lá no início tudo era mato, eu ia vendo o que os outros faziam e pensava se aquilo funcionaria pra mim ou não. Foi assim que descobri as lojas virtuais, os concursos de estampa, as publicações, como precificar commissions, dentre outros;
  12. experimentei várias formas de financiamento coletivo e descobri que não é o modelo ideal para mim, pois me senti muito cobrada pelos patronos a produzir, a estar sempre alegre e receptiva, mesmo quando me falavam coisas que me machucavam ou quando simplesmente não pagavam o boleto do apoio. Todo meu respeito a quem usa essa modalidade de renda, tento ser uma patrona que respeita os limites do artista que ajudo;
  13. por último, o poder da rede. Hoje em dia, ter uma persona online está muito ligado à fama, aos números, ao engajamento. Mas com o blog aprendi sobre o poder de várias pessoas se mobilizando em torno de algo. Seja uma blogagem coletiva sobre livros, um projeto fotográfico, o follow friday (compartilhar perfis e blogs amigos toda sexta-feira), e o boca a boca virtual: se eu trabalho com retratos, mas o cliente quer personagens, posso indicar quem faça, e sempre sou retribuída. E os clientes chegam porque conhecem não só o meu trabalho, mas a minha escrita e minha ética. E tudo isso vem desse organismo vivo e em eterno movimento que é a rede, a autonomia compartilhada que uma amiga querida cunhou para a sua tese.

Mais banners de épocas distintas, quando eu ainda colocava uma linha explicando o que fazia, e quando passei a usar somente o meu nome, até chegar à assinatura "crua"como é hoje em dia.

Eu não sei se o blog completará 14, 15, 20 anos… nunca é possível saber o próximo passo, mas estou muito feliz com a trajetória que construí até aqui, e que faz parte de mim. Assim como ser professora é só uma parte, ser blogueira raiz é outra, e que defendo! Blogueira pra mim não é termo pejorativo, foi o que me salvou de um bloqueio de escrita, e é o que continua me salvando toda vez que me sinto sozinha demais, e lembro que esse espaço está aqui. Pelo tempo que for, e contando…

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